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sexta-feira, 25 de maio de 2012

JORNAIS MAÇÔNICOS DA INDEPENDÊNCIA


O primeiro jornal a circular no Brasil, embora feito fora dele, foi o Correio Braziliense, ou Armazém Literário, publicado, a partir de 1808, pelo maçom Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, cognominado "o Patriarca da Imprensa Brasileira".

O Correio Braziliense não foi apenas o primeiro órgão da imprensa brasileira, mas, principalmente, o mais completo veículo de informação e análise da situação política e social de Portugal e do Brasil, à época, com a defesa de uma verdadeira reforma de base para o nosso país, batendo-se pela necessidade de construção de uma rede de estradas, pela utilização de matérias-primas na fabricação de manufaturas, propiciando a formação e a expansão do mercado interno, pela abolição da escravatura, pela transferência da capital para o interior e pela adoção de uma política imigratória que aproveitasse, de preferência, artesãos e técnicos.

A publicação do jornal só seria interrompida em 1823, com a morte de Hipólito.
    Todavia, a imprensa brasileira mesmo, feita no país, só teve início após a vinda da família real portuguesa para o Brasil, com a criação da Imprensa Régia, instalada no Palácio do Conde da Barca, em maio de 1808, de onde, poucos meses depois, sairia o primeiro número da Gazeta do Rio de Janeiro, dirigida pelo frei Tibúrcio José da Rocha e cujos exemplares eram vendidos a oitenta réis.

Esse jornal circularia até 31 de dezembro de 1822.
Durante o período da campanha da independência, iriam surgir muitos jornais, alguns dos quais teriam vida bastante efêmera.

Entre eles, podem ser citados:
  
 
O Macaco Brasileiro
, órgão do partido antibrasileiro e contrário à independência, dirigido por Manoel Zuzarte e Pedro da Silva Porto. Partindo de um título, que já era um insulto aos brasileiros, o virulento jornal não respeitava nem os familiares dos mais destacados brasileiros da época.
   

D. Periquito da Serra do Órgãos
, jornal de cunho nacionalista, que lutava pela independência e defendia os brasileiros dos ataques do O Macaco Brasileiro.
   

Semanário Mercantil
, órgão das classes conservadoras, o qual se destacava pela sobriedade e seriedade, sendo, publicamente, bastante respeitado.
   

A Malagueta
, cujo título já mostrava que o seu tom era de crítica violentíssima e em linguagem desabrida.  
   
Reclamação do Brasil
, dirigido por José da Silva Lisboa (visconde de Cayru) e que não se envolvia nas tricas políticas, preferindo tratar de assuntos sociais e dos negócios internacionais.

Além desse, todavia, existiam os jornais dirigidos por maçons proeminentes e que, mesmo não sendo órgãos oficiais de nenhum grupo maçônico, refletiam as idéias de seus dirigentes e expunham rivalidades entre as facções maçônicas, interessadas na independência. A maior parte deles acabou tendo vida efêmera, não só por esgotamento de suas finalidades, mas, principalmente, em conseqüência de atos de força, frutos da instabilidade política dos primeiros anos do Império. Podem ser destacados, porém, os seguintes:
   
O Revérbero Constitucional Fluminense
, dirigido e redigido por Joaquim Gonçalves Ledo e pelo cônego Januário da Cunha Barbosa, o qual duraria exatamente treze messe --- de 11 de setembro de 1821 a 8 de outubro de 1822 --- e que, em suas páginas (que não possuíam colunas, como os jornais posteriores), espelhava as contundentes idéias da emancipação política, muitas vezes de maneira radical, contribuindo, assim, para a formação dos sentimento de independência. Como não poderia deixar de ser, diante das rivalidades políticas, que já eram bem deterioradas, nos meses imediatamente anteriores à independência, entre os dois grupos do Grande Oriente, o Revérbero não perdia ocasião para atacar o ministro José Bonifácio, que detinha, em suas mãos, praticamente, o verdadeiro poder. O jornal publicava extratos de jornais de Londres, Paris e Lisboa, além de transcrever, freqüentemente, tópicos do Correio Braziliense, de Hipólito; divulgava, também, resumos de trabalhos e despachos da Corte, mas o seu mote, na realidade, era representado pelos candentes artigos pela campanha da independência. Impresso nas oficinas de Moreira & Garcez, iria acabar desaparecendo, quando os seus dois líderes deixaram o país, um exilado e o outro fugido, durante os acontecimentos de outubro e novembro de 1822.
   

O Regulador Brasílico-Luso
, depois O Regulador Brasileiro, surgido a 29 de julho de 1822, lutava, também, pela independência, mas entrando em luta com o Revérbero, ns defesa de
José Bonifácio. Era impresso na Tipografia Nacional e redigido pelo frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, que, devido à veiculação de suas idéias, foi inquirido, no Grande Oriente, pelo grupo de Ledo, e sofreu ameaças de sanções, como se pode ver nas atas da
14a. e 15a. sessões do Grande Oriente, realizadas a 9 e a 12 de setembro, respectivamente.

O Regulador também teve participação fundamental na campanha emancipadora, lutando por uma monarquia constitucional, dentro de uma comunidade brasílico-lusa --- o que acabou acontecendo --- em oposição às idéias do Revérbero, as quais eram de um rompimento total com Lisboa.
   

O Tamoyo
, dirigido por José Bonifácio e por Vasconcellos Drummond, deputado e maçom --- emissário da Maçonaria nas províncias da Bahia e de Pernambuco --- era um jornal de feições mais modernas, com colunas e melhor paginação. Foi fechado, violentamente, em 1823, por ocasião do fechamento da Assembléia Constituinte, quando os seus redatores foram presos
e exilados, porque o jornal mostrava idéias próprias, que não agradavam à índole absolutista
do imperador.
   

O Constitucional
, redigido pelos maçons José Joaquim da Rocha --- um dos líderes do episódio do "Fico" --- e padre Belchior Pinheiro de Oliveira, era chamado, pelo povo, de "jornal dos mineiros". Também teve vida curta, pois, surgido em 1821 e desaparecido em 1822, teve apenas 35 números, tendo se sobressaído, todavia, como um campeão das liberdades pátrias, de acordo com as idéias de seus dois redatores.

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