“Ninguém que tá na imprensa é mais
importante que ninguém, nós precisamos respeitar o ser humano, nós precisamos
fazer a crítica ao jogador e ao dirigente, nunca ao homem, ao pai de família,
nós não temos esse direito, nós não somos donos da verdade, nós também erramos
e nós temos que reconhecer.”
Guilherme Guerreiro
Radiojornalista
Gerente de Esporte da Rádio Clube do Pará
O
Cenário Político do Pará nos anos 90: os Personagens Principais1
Na década de 90 poucos
personagens novos despontaram na política paraense. Os destaques da década de
80, como o ex-governador Jader Barbalho, o senador Jarbas Passarinho, o
ex-prefeito Hélio Gueiros e o ex-governador Almir Gabriel já vinham exercendo
papel de importância na década anterior e, em alguns casos, até antes. Nesta
década, o maior destaque quando se fala em mudança, foi a primeira eleição de
uma prefeitura de esquerda em Belém. Na eleição do final de 1996, Edmilson
Rodrigues, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito para o mandato de 1997
até o ano 2000, reelegendo-se posteriormente.
A
diversidade como marca cultural
Dança, música,
artesanato, festas folclóricas e religiosas, artes plásticas, lendas do
imaginário popular e culinária compõem a multiplicidade de formas da cultura do
Estado. Ao longo da década de 90 foi possível notar que a modernidade das
técnicas e a tradição popular estavam conseguindo conviver pacificamente e em
harmonia na maior parte dessas expressões.
De um modo geral, a
Música Popular Paraense privilegia valores regionais. Até hoje, os compositores
da terra também são inspirados pelo maior compositor paraense, o maestro
Waldemar Henrique. Suas músicas mais conhecidas, como Valsinha do Marajó,
Uirapuru., Boi-Bumbá e Tamba-Tajá, são redescobertas a cada nova geração e, de
alguma forma, já fizeram parte do trabalho de cantores e compositores como
Nilson Chaves, Vital Lima, Paulo André Barata, Valter Freitas, João Gomes e
Eduardo Dias.
Na literatura, Dalcídio Jurandir, Haroldo
Maranhão e Max Martins continuam sendo os mais reconhecidos em nível nacional.
Em 1998, o filósofo paraense Benedito Nunes também teve sua obra comentada em
todo o país, principalmente depois de conquistar um dos prêmios mais
reconhecidos da área: o Prêmio Multicultural Estadão.
A cerâmica marajoara e a cerâmica tapajônica
são expressões do melhor artesanato produzido no Estado. A primeira, originária
da Ilha do Marajó, foi criada pela população indígena que há centenas de anos
viveu na área. Como as peças arqueológicas não podem ser adquiridas, ficaram
destinadas aos visitantes as peças de cerâmica produzidas no distrito de
Icoaraci.
Entre as manifestações
folclóricas mais antigas e mais conhecidas do Pará estão o carimbó, o siriá e o
lundu. O município de Marapanim é considerado até hoje o berço do carimbó. Foi
nessa localidade que nasceu o pescador Lucindo, mais conhecido no meio cultural
paraense como mestre Lucindo. Ele se inspirou em um ritmo originário das tribos
indígenas do Pará com o Maranhão para compor canções que tem como principais
temáticas o amor e o mar.
Graças ao trabalho do falecido mestre, que é
considerado o maior compositor de carimbó do Estado, a cidade tem hoje o seu
Festival de Carimbó, uma festividade criada para resgatar a originalidade da
dança e da música, que segundo grande parte dos folcloristas do Estado, foi
deturpada em outros municípios.
Nos anos 90, as festas religiosas do Estado
também continuaram sendo realizadas com a mesma intensidade das décadas
anteriores. Esse tipo de manifestação, que ocorre em praticamente todos os 143 municípios,
é um dos aspectos mais fortes da cultura popular regional. Em alguns locais, as
festas ganham características profanas e incorporam danças e cantos
folclóricos. Em Bragança, na microrregião do Salgado, a festa de São Benedito
inicia no mês de maio com a peregrinação da imagem do santo em um ritual de
esmolação, quando são recolhidas ofertas para as comemorações que ocorrem no
dia 26 de janeiro.
A “Namoradinha da Cidade” inicia suas
transmissões
Inaugurada
pelos irmão Bastos (Jaime, João e Joaquim) em 1990, com concessão para funcionar em Ananindeua (município
integrante da área metropolitana de Belém),
a “odisséia” da Rádio Maguari (encontramos em alguns materiais a grafia
Maguary) foi marcada pela dificuldade.
Inicialmente
iniciou com 690Hz e 2Kw, que limitava é muito seu alcance. Foi transformada
para 1.420 Hz (que era o sinal da Rádio
Clube) por meio de edital e assim ganho 10 Kw de potência, melhoando assim o
alcance de seu sinal. Mas haviam restrições a esta potência e consegiu trocar
posteriormente para 1080 kHz. Mais um problema com a antena. Em virtude das
restrições do Serviço de Proteção de Vôo da Aeronáutica, somente puderem
utilizar um modelo PARAN, que apesar dos esforços e investimentos da rádio, não
recebia mais do que 2 kW de portência e que provocava subutilização do
transmissor, que era para 10 kW. Houve também a tentaviva de buscar a liberação
para o canal FM, que acabou sendo arquivado no Governo Fernando Henrique. O
Ministério das Comunicações, que na época tina a frente Mário Covas, passava por uma série de mudanças, e que,
segundo nossas pesquisas, criou uma expécie de “tranca” nas concessões, gerando
assim uma enchurrada de rádios clandestinas por todo o país.
Após
muitas dificuldades, conseguiram mudar para outro modelo de antena, MONOPOLO,
na qual poderiam utilizar a potência adquirida e assim maior alcance.
No
entando, o fato de não terem obtido a concessão para a FM prejudicou o projeto
inicial de duas rádios (AM e FM), que inclusive contava com a proposta de um
programa esportivo voltado para a FM, que daria um diferencial significativo a
emissora.
Em
sua equipe, a rádio na época contou com nomes de peso nas transmissões de
futebol como Edyr Proença, Ronaldo Porto, Guisepe Thomaso e contou com
repórteres como Chico Chagas, Paulo Bahia e o noticiarista Jorge Paulino, que
integrou o jornalismo da Marajoara, inicio na Maguary. Oportunizou também as
transmissões de esporte a Géo Araújo e Jerônimo Bezerra (ambos hoje na Rádio
Clube). A “Namoradinha da Cidade”, denominação do próprio Jaime Bastos a
emissora, também apresentou o talento da santarena Roberta Costa.
Mesmo
tendo uma excelente montagem técnica - considerada um dos melhores de Belém na
época segundo Jaime Bastos -, uma resposta positiva diante das pesquisas de público
na época, as dificuldades em levar adiante de sustentar os custos e de “um
futuro pouco promissor que sinalizava”, novamente citado por Jaime Bastos,
levou a venda da mesma em 1995.
A volta ao mercado, com outro nome e perfil
Voltou
a transmitir em junho de 1995, já com novo nome: Rádio Novo Tempo AM.
Foi adquirida pela Igreja Adventista
do Sétimo Dia em Belém. Mudou drasticamente seu perfil de programação e passou
a integrar o Sistema Adventista de Comunicação*, que
surgiu com a compra da primeira rádio da Igreja em 1989, na cidade de Afonso
Cláudio, no Espírito Santo. Hoje são
mais de 17 emissoras em todo o país e que formam Rede Novo Tempo.
Atualmente,
a Rádio Novo Tempo de Belém desenvolve um trabalho voltado para o
entretenimento e informação das pessoas, com ensinamentos contidos na Bíblia.
Temas ligados à educação, à saúde (principalmente a prevenção de doenças) e à
formação da família. Sua audiência é
formada principalmente pelo público evangélico.
Ainda
assim, a programação da rádio inclue programas como o “Histórias de Vida” ou
“Novo
Tempo Mulher”, que não possuem a característica de serem programas de pregação.
Uma
das principais promoções da rádio, a Caravana Novo Tempo, que é
realizada de 15 em
15
dias, é outra forma de promover a interação entre as igrejas adventistas. A
equipe da rádio e os locutores vão até os templos, levando cantores e
promovendo atividades com os fiéis presentes. A Rádio Novo Tempo também
faz a Caravana nas cidades do interior do Estado do Pará.
* Emissoras que compõem a rede: Rádio Novo Tempo de Belém/PA
(1080 AM), de Curitiba/PR (106,5 FM), de Nova Odessa/SP (830 AM), de Poços de
Caldas/MG (97,5 FM), de Vitória/ES (95,9 FM e 730 AM), de Maringá/PR (104,9,
sem informação se AM ou FM), de Nova Hamburgo/RS (99,9 FM), de Florianópolis/SC
(96,9 FM), de São José do Rio Preto/SP (1290 AM), de Teresópolis/RJ (96,1 FM),
de Governador Valadares/MG (1230 AM), de Salvador/BA (920 AM), de Ilhéus/BA
(1310 AM), de Afonso Cláudio/ES (1300 AM), de Nova Venécia/ES (100,3 FM), de
Rio Bonito/RJ (1340 AM), de Campos/RJ (96,1 FM).
Fontes:
1- Trecho de texto de
Tatiana Nazaré Amaral Ferreira, aluna do curso de Comunicação Social da UFPA,
habilitação jornalismo, em 1999. Este texto é parte integrante da pesquisa “Os
Setenta Anos de Rádio Em Belém”, coordenada pela Profa Dra. Luciana Miranda
Costa, do Departamento de Comunicação Social da UFPA, e também fez parte do TCC
“O Rádio em Belém na década de 90 – Relatório Conclusivo, defendido por Tatiana
Nazaré Amaral Ferreira em Março de 1999. Orientadora: Profa Luciana M.Costa.
• EM NOME DE DEUS: AS ONDAS RADIOFÔNICAS LOUVAM CADA VEZ MAIS AO
SENHOR, Luciana Miranda Costa (Universidade Federal do Pará) Fabiana Gomes de
Souza e
Cristiana Karine N. Cardoso – Pesquisa apresentada durante o INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – BH/MG – 2 a
6 Set 2003.
Trabalho apresentado no Núcleo de Mídia Sonora, XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Belo
Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.
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